sábado, 4 de maio de 2013

"O que você precisa saber sobre batalha espiritual" LOPES, Augustus Nicodemus; Cultura Cristã, 5ª edição revisada e aumentada


Resenha do livro

O que você precisa saber sobre batalha espiritual

LOPES, Augustus Nicodemus. O que você precisa saber sobre batalha espiritual. São Paulo.

Cultura Cristã, 5ª edição revisada e aumentada .

Ao iniciar sua obra Augustus Nicodemos anuncia claramente a intenção de levar o conhecimento de seu público ao que se diz respeito a substituição da palavra de Deus por aquilo eu ele chama de “centelha divina” que é o conflito das igrejas contra as hostes das trevas e suas interferências no momento, e isto tem feito com que haja a aparição de muitas Igrejas com a finalidade de fazer um trabalho totalmente voltado para o expulsar demônios de crentes e descrentes os quais segundo eles passa atualmente por uma opressão demoníaca .

Augustus Nicodemos usa do conhecimento a respeito da vida de John Stott e sua não aceitação a participar da Segunda Guerra Mundial na ocasião por ser ele um pacifista e o compara ao engajamento nesta batalha espiritual da igreja o qual não tem de nenhuma forma a sua não aceitação uma vez que a partir do momento em que somos crentes já estamos alistados para esta batalha que vai durar o restante de nossas vidas.

Ao usar o texto de Efésios (6.10-20) o autor descreve o ataque do inimigo sendo feroz, incessante, e também astuto de um inimigo cruel tremendamente poderoso esta guerra  é sem trégua e declara que devemos nos preparar estando revestidos pela armadura de Deus, pois a igreja não é um “piquenique”, não é um clube, mas um exercito. E é dessa maneira que devemos entender a vida cristã. Assim se estamos envolvidos em um conflito destas proporções, certamente é muito perigoso ficar andando de um lado para outro pela linha de fogo sem saber o que esta havendo e sem nenhum preparo.

O contexto de efésios (6.10-20)nos mostra  é que estamos realmente em meio a um conflito e nele vemos a nossa convocação para a batalha e aqui Paulo nos pega pelos ombros e nos sacode dizendo: “Acorda, nós estamos envolvidos em um combate, há uma luta sendo travada neste momento e precisamos estar alertas” (pg. 26)

A isto o autor mostra seu interesse a responder a grande pergunta que é apresentada aqui, “Como podemos nos preparar para a batalha”?

Na realidade Paulo se dirige aos cristãos, como já estando em pleno combate. O que o Apostolo faz é despertá-los, encoraja-los e instruí-los para a luta e assim divide as instruções  em duas partes.

1-Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força de Seu poder “ (Ef. 6.10), mostrando que a igreja deve se lembrar que sua força em combate vem de Deus.

2-É preciso estarmos revestidos da armadura de Deus, em um todo não nos esquecendo de nenhuma delas.

 

 

Motivos para tomarmos a armadura de Deus.

Paulo apresenta aqui algumas razões pelas quais a igreja deve tomar toda a armadura de Deus: Em primeiro lugar para “poderdes ficar firme contra as ciladas do inimigo” (Ef. 6.11), pois o propósito desta armadura é que a igreja encontre-se firme e posicionada na vitoria de Cristo, resistindo firme contra as ciladas do inimigo. Paulo destaca aqui a esperteza e a astúcia do inimigo. A palavra cilada chama a atenção para um estratagema sutil, o emprego de meios astuciosos pelos quais se derrota o inimigo.

Segundo lugar “é que a nossa luta não é contra a carne ou sangue e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores  deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes” (Ef. 6.12). Os cristãos não estão sendo atacados por outros seres humanos contra os quais usariam armas convencionais de guerra, pois o inimigo é muito mais  poderoso e astuto, a igreja luta contra seres espirituais. (pg.23)

Terceiro lugar .

É para que possamos “resistir no dia mau” (Ef. 6.13), Paulo já havia dito que todos os dias são maus (Ef. 5.16), mas então admite que alguns ainda são piores do que os outros.

Os perigos relacionados ao combate cristão.

Primeiro é o perigo é tendência atual de se ver o diabo em todo lugar e de se dar mais credito a ele do que o devido.

Segundo é o perigo de se desprezar e subestimar o mundo espiritual tenebroso, porque alguns teólogos reformados tem negado até a existência o diabo, dos demônios e sua atuação.

Terceiro é o perigo é acreditarmos que “batalha espiritual” seja algo absolutamente inédito, mas não o é, já os Reformadores e Puritanos  se preocupavam com isso, crendo na existência e persistências destas forças.

Quarto perigo é pensarmos que os métodos do movimento atual de “batalha espiritual” são uma saída fácil e segura para os problemas que nos afligem neste mundo, e julgam que o simples fato de se amarrar e repreender os demônios que supostamente provocam seus problemas com imoralidade, temperamento, opressão econômica e outros já é suficiente pois são eles que produzem seus desvios morais.

Conclusão:

A ONU não consegue resolver os conflitos  entre as nações, assim também como o homem não consegue resolver o problema da fome, violência, da miséria e da desonestidade, males que afligem a humanidade desde seu aparecimento neste planeta . O homem esta totalmente a mercê de sua própria degradação espiritual e moral, da sua miséria e desgraça.

Augustus Nicodemos nos mostra que em (Ef. 6) que a única solução para o problema do mundo é o cristianismo bíblico.

 

Cap. II- A origem e a difusão do movimento de “Batalha Espiritual”

O autor nos informa que as ideias de “Batalha Espiritual” já eram conhecidas desde o século passado, e nos afirma isto através de relatos do missionário inglês James O. Fraser que trabalhavam junto ao povo tribal Lisu, na China, um povo que envolvido com magia negra, espiritismo e animismo, Fraser desenvolve alguns métodos para combater, através da oração esta influência maligna que atormentava aquele povo.

As diversas linhas de “Batalha espiritual”

Desde de 1960 , o movimento Batalha Espiritual vem ganhando aceitação no mundo todo, a isto Augustus Nicodemos relata e resalta que nem sempre elas se concordam entre si entretanto, compartilham de uma base teológica ampla e comum a todos, o que justifica identificar suas posições  como parte desse movimento mundial de “Batalha Espiritual”

a)Os carismáticos foram os primeiros a defender popularmente  uma nova perspectiva a respeito de “Batalha Espiritual”. O ímpeto para o movimento foi o livro de Don Bashan em 1972 o qual apresenta  a ideia de existirem demônios atrás de cada arvore  , e são narrados encontros bizarros e estranhos com eles.

b)Os dispensacionalistas, concentrava-se mais no aconselhamento pastoral e na oração a favor dos oprimidos, do que em encontros extraordinários com espíritos.

c)Representado por Neil Anderson, Timothy Waner esta linha evita o “encontros de poder” com demônios e o sensacionalismo e enfatiza a libertação  individual pelo conhecimento  da verdade e da fé.

d)Conhecida com  a “Terceira Onda do Espírito” ela se identifica com o nome de C. Petr Wagner e tem como é uma corrente carismática que tem como objetivo o crescimento da igreja com missões no terceiro mundo acompanhada por “sinais e prodígios”. Um ensino característico  dessa linha de “Batalha Espiritual” é a noção recente de “espíritos territoriais” ou seja demônios que mantém determinadas regiões geográficas sob o controle da incredulidade e do pecado. (pg. 30)

Cap. III.

O autor nos mostra a visão da “Batalha Espiritual” e seus principais ensinos. O teor maior da visão vem da que todo mal que acontecem as pessoas são produzidas por demônios , os que se instalam na vida dos crentes e descrentes  e de acordo com esta abordagem , os demônios são responsáveis  por toda dor, sofrimento e toda miséria que encontramos ao nosso redor, o que inclui também toda doença, relacionamentos arruinados,desemprego, fome , opressão, injustiça social, corrupção e se não bastasse isto ela também tem a responsabilidade sobre o mal moral que é a prostituição, lacívia , imoralidade, adultério, desonestidade, embriagues. O ministério da “batalha espiritual” leva seus seguidores a crer que “os demônios do pecado residem dentro do coração humano”.

Ministério Ekibalistico única estratégia.

O termo EKBALW, significa “expulsar, expelir” é o termo usado nos evangelhos  para descrever as expulsões de demônios realizadas por Jesus descrito desta forma por David Powlison. O evangelismo EKIBALW no campo da “batalha espiritual” se preocupa muito com os espíritos territoriais, segundo o ministério, demônios são enviados por satanás para determinada unidade Geopolítica do mundo. Esses espíritos malignos ocupam e controlam o território geográfico sob sua responsabilidade.

Os defensores deste conceito apelam com frequência para o livro de Daniel, na qual são mencionados os “príncipes” da Pércia e da Grécia (Dn 10.13-20). Os defensores desta ideia, concluem que, se existe um “príncipe da Pércia e outro da Grécia, há também um príncipe do Brasil, um dos estados Unidos e de cada Pais do mundo. Ainda afirmam que existem espíritos malignos designados como responsáveis por Estados, cidades , ruas e casas. Segundo os defensores do conceito “espíritos territoriais” os demônios que governam regiões influenciam e controlam seus moradores com os ensinos da Nova Era, Espiritismo, Astrologia, Satanismo, Uso de Pirâmides , Cristais, Bruxarias, Macumba, Magia, Feitiçaria, Prática da adivinhação, ou qualquer outra atividade relacionada ao Ocultismo.

Demonização das Estruturas.

Dentro desta linha de pensamento, os crentes da “batalha espiritual” acreditam na demonização das estruturas de forma que a vidada de uma pessoa, estruturas sociais, econômicas, culturais, e políticas de uma região podem estar sob o controle de um ou mais demônios. Sendo assim os que se identificam com o movimento “batalha espiritual” falam que:

A Igreja pode vencer esta batalha quando aprenderem suas táticas. Peter Wagner afirma são poucos os crentes que estão preparados e faz uma advertência: “Se você não sabe o que esta fazendo......Satanás vai derrota-lo no café da manhã” e para que isto não aconteça, os cristão tem que ler os livros e frequentarem as conferências feitas pelos peritos em “Batalha Espiritual”. (pag. 36)

Mapeamento espiritual.

A igreja tem que “Mapear” espiritualmente  a área a ser evangelizada antes de aplicar seus esforços evangelísticos. Um dos objetivos do mapeamento é localizar o “trono e satanás” o local onde a potestade responsável pela área tem seu quartel general. Peter Wagner diz que a igreja local deve tomar o mapa da cidade ou zona ser evangelizada e com ele em mãos , deve orar sobre cada um dos quadrados que determinam a área e assim deverá iniciar naquela região específica um grupo de guerreiros de oração, os quais, pela oração da fé (no conceito deles) deve clamar a queda do trono de satanás e assim a cidade será libertada (pag. 37)

Demonização das estruturas e a oração de guerra.

O movimento explica que através da oração da fé  a ação dos demônios são neutralizadas, o seu poder esta neutralizado segundo o poder da Palavra de fé (termo popularizado pela “Teologia da prosperidade”)os crentes determinam a vitória de Cristo sobre a região identificada e por fim declaram que a cidade pertence a Cristo.

Este conceito de “oração e guerra” foi aparentemente popularizado por Wagner em seu livro “Warfare Prayer” (Oração de guerra). Desta forma a igreja pode amarrar pela oração de guerra não somente os demônios que controlam as estruturas e os sistemas, mas particularmente os espíritos malignos supostamente responsáveis pelos desvios morais e outros. O método é “vocalizar” a ordem “Eu te amarro em nome de Jesus”. (pag. 38)

De acordo com Wagner , a “batalha espiritual” ocorrem em três níveis que se resumem em:

1-Nível terreno= pela expulsão dos demônios.

2-Nível oculto= Onde o confronto se da com satanistas, bruxos, xamãs, advinhadores e outros.

3-Nível estratégico= é com a concentração de poder ainda mais tremenda: os espíritos territoriais.

Outras técnicas que também devem ser segundo a “Batalha espiritual” é a quebra de maldições. Este processo leva seus seguidores a buscar, encontrar e identificar essas maldições e anula-las, assim também como aquelas que herdamos de nossos pais e antepassados que são chamadas de maldição hereditária que foram adquiridas através de seus pecados não confessados e dos pactos, que, por ventura foram feitos com demônios.

Embora o ministério Ekbalístico tenha se empenhado no ato evangelístico , observa-se que muitos adeptos formaram grupos de “Batalha Espiritual” e não tem demonstrado muito zelo pelo conceito Bíblico e não focam a necessidade do arrependimento pessoal e da fé em Cristo, para reconciliação com Deus, perdão e salvação da culpa pelo pecado. Não podemos concordar com isto. Mas assim mesmo precisamos reconhecer o zelo e o fervor destas pessoas que fazem toda a diferença sobre a mornidão, a indiferença e o comodismo que por vezes dominam as igrejas evangélicas tradicionais.O que nos vale resaltar é o grande compromisso que todos tem com a oração, é certo que os conceitos utilizados também diverge daquilo que vemos como conceito bíblico que a oração não é uma arma que deve ser usada contra os demônios mas sim é forma de nos aproximarmos do Pai do céu e nos entregarmos a Ele junto com nossos problemas e aflições e deus haverá de responder dentro da sua santa e agradável vontade.

Cap. IV

Augustus Nicodemus,relata seu conhecimento e mostra aqui que crê na existência e na atuação dos demônios hoje. Que satanás não só tenta como também por muitas vezes consegui afligir o crente, admite que possa haver possessão demoníaca de pessoas que não são realmente convertidas.

Na realidade os princípios e os conceitos deste movimento são na verdade o que mais preocupa o autor (pag. 43) pois na maioria das vezes não são firmadas em bases bíblicas.Ao confrontar este assunto o autor da o exemplo do uso da palavra dizendo que: “Porém uma coisa é , digamos, usar velas nos cultos alegando que a bíblia não proíbe essa prática...Outra é, construir uma teologia inteira de missões , aconselhamento e libertação usando o mesmo argumento e o “Silêncio” das escrituras. Na verdade tudo isto soa como um misticismo exagerado.  

Powlison afirma corretamente:

 “Apesar de reivindicar que as escrituras apoiam seu método, a origem do movimento não esta na redescoberta da verdadeira natureza da missão bíblica”. Quando examinada à luz das Escrituras, a evidência é fraca.

Quando nos voltamos para a Palavra não conseguimos encontrar nenhuma referência que nos leve a busca , localizar ou fazer qualquer mapeamento espiritual. Quando usado na carta à Igreja de Esmirna; os Judeus perseguidores dos cristãos são chamados “Sinagogas de Satanas” (Ap.2.9). Segue-se que havia em Esmirna uma “Sinagoga” literalmente de demônios? É evidente que não, pois a expressão é usada figuradamente para expressar o caráter maligno de perseguição movida pelos Judeus, da mesma forma não há nenhuma ordem para se atacar, estruturas espirituais (pag. 45). É importante analisar que, quando em efésios 2.1-3, claramente nos é mostrado que satanás opera em pessoas , e não em coisas – embora certamente usara pessoas para influenciar sistemas e estruturas. O mesmo se aplica a expressão “amarrar” espíritos, e usando o texto de IICorintios  12.7 quando Paulo sofreu e não amarrou, repreendeu, decretou a queda, anulou ou mandou para o abismo o mensageiro (aggelo) de satanás, doloroso como um espinho na carne que o importunava de modo humilhante, mas se limitou a orar três vezes para que Deus o libertasse, recebendo ainda um “NÃO” como resposta (pag. 46). Ou ainda contra ele, no caminho de volta a Tessalônica (I Ts 2.18)?. O apostolo não conseguiu romper os bloqueios de satanás, qualquer que tenha sido, e finalmente mandou Timóteo em seu lugar e não decretou a queda da oposição. O autor afirma claramente usando textos bíblicos como (Mt 10.8; Mc 3.15; Lc 10.1-24) que não havia nenhuma técnica para localizar, identificar, questionar ou guerrear contra os demônios em oração ou amarra-los. Eles deveriam ser sumariamente expelidos.

Outra preocupação é que a autoridade que se alega para muito dessas praticas são as experiências ocorridas nos gabinetes pastorais (pag. 46), nos campos missionários e nos próprios simpósios sobre “batalha espiritual” e não tem nenhuma passagem clara sobre ela no NT.

Ao mencionar a escritora e palestrante Neuza Etioka o autor fala abertamente sobre seus livros e palestra as quais são meramente exemplos pessoais, depoimentos de pessoas e testemunhos de ex. pai de santo. É dessas fontes totalmente inaceitáveis num trabalho que Neuza Etioka tira fundamentos para grande parte de seu trabalho. Não podendo ser estes considerados livros bons, pois neles não existe nenhuma referência bibliográfica e teológica.

Quebra e maldições.

Na realidade trata-se de mais um argumento sem respaldo bíblico. (pag. 49)

O autor cita para contra argumentar a este respeito o livro de Ez.18.4,20; 14-19 que o filho não levara a iniqüidade do pai e pela conversão e uma vida reta o mesmo estará livre da maldição dos pecados dos seus antepassados.

O apostolo Paulo nos esclarece que o escrito de divida que nos era contrario,a maldição da lei,foi tornado sem qualquer efeito sobre nos:            Jesus o anulou na cruz (Cl2:13-15;Gl3.13).Ou seja,toda e qualquer condenação que pesava sobre nos foi removida completamente quando Cristo pagou,de modo suficiente e eficaz,nossa culpa diante de Deus.

Basta um estudo simples,nas Escrituras,da linguagem usada para descrever nossa redenção para que não fique qualquer duvida de que o crente,à semelhança de um escravo exposto a venda na praça,foi comprado por preço e que,agora,passa a pertencer totalmente ao seu novo senhor.

As vezes ocorre que cristão genuínos que no passado se envolveram de uma maneira ou de outra com praticas ocultas tem dificuldades em crescer em algumas áreas da vida crista.O mesmo se diria de quem foi alcoólatra,maníaco sexual,cleptomaníaco ou avarento antes de se converter a Jesus Cristo.A pergunta é se o tratamento recomendado nas Escrituras para essas pessoas é a pratica de “quebra de maldiçoes”,a  anulação de pactos com demônios.

A tendência do movimento de “batalha espiritual” de criar em seus adeptos uma obsessão doentia pelos  espíritos malignos é outra preocupação.Muitos estão fascinados pelo mal.Felizmente isso não acontece com todos os adeptos do movimento.Entretanto,uma pessoa menos preparada que se envolve com a visão de um mundo povoado de demônios e anjos maus a procura das mínimas brechas para se apossar de sua vida,acaba ficando obcecada por satanás e pelos demônios.Passa a ver satanás em qualquer coisa,como em resfriados,dores de cabeça,no microfone do preletor que deixa de funcionar,no copo de leite que cai,no comportamento anormal dos filhos.

A influencia da “confissão positiva”

Outra preocupação é com a influencia dentro do movimento de “batalha espiritual”,do conceito da confissão positiva.De modo bastante similar aos conceitos do “evangelho da prosperidade”,os proponentes da “batalha espiritual” parece atribuir a às declarações e “amarrações”,feitas em fé,um poder determinativo e final.Isso fica evidente pela ênfase nas verbalizações,no conflito com os demônios,de excreções como “eu declaro”,  “eu amarro”,ou outras equivalentes.

A ideia por traz da “confissão positiva” é que as palavras tem poder criador.   

O autor lembra a Reforma religiosa do século XVI,que libertou parcialmente a Europa do julgo de satanás naquela época,foi levada a efeito sem nenhuma das técnicas atuais de “batalha espiritual”,e sim pela pregação simples da verdade de que nos somos justificados pela graça e pela Fé em Jesus.Até onde sabemos,nenhum dos lideres da reforma andou amarrando demônios e destruindo fortalezas,caçando e derrubando Satanás do seu trono.

Todo mal vem do diabo?

Uma ultima preocupação é com a doutrina básica do movimento,ou seja,que todos os males que acontecem o mundo,a igreja e os cristãos individualmente são produzidos por demônios e que,por tanto,a solução é sempre confrontar e expelir essas entidades malignas.Essa é a pressuposição mais básica do movimento.Tudo o mais permanece em pé ou cai com essa doutrina.

No entanto sabemos que o mau existe no mundo sobre duas formas: o mau moral e o mau circunstancial.No primeiro temos o pecado sobre todas as suas formas e no segundo,a miséria,a dor,o sofrimento,as doenças,enfim as circunstancias que causam pesar e sofrimento.

Powlison destaca o fato claro nos Evangelhos de que Jesus,ao enfrentar o mau que encontrava a frente,adotava duas táticas diferentes,dependendo seu mau era moral ou circunstancial.Quando o Senhor se defrontava com pessoas aflitas por doenças ou sofrendo como resultado direto da possessão demoníaca,ele expelia os demônios responsáveis por essa circunstancia.Desta forma,percebesse que o movimento não tem amparo no Evangelho pois trata igualmente situações que são diferentes.

Crentes demonizados

Em que consiste,então,a “demonização” de um crente?Segundo a “batalha espiritual”,a “demonização” é uma influencia maligna na vida do crente,superior àquela da tentação,em que um ou mais demônios vem habitar nele,fazendo-o ficar confuso,incrédulo e especialmente escravizado a determinados hábitos pecaminosos.O crente cai vitima dessa opressão demoníaca por causa de seus pecados ou por causa dos pecados de outros contra ele,como o molestamento sexual durante a infância,maldiçoes e pragas rogada por outros e envolvimento com ocultismo.Ao que parece,esta “possessão” decorre de uma vida em pecado,geralmente nas áreas de praticas sexuais ilícitas.

A questão é realmente contundente,pois as Escrituras ensinam que o crente esta assentado com Cristo nos lugares celestiais,a cima de todos os principados e potestades (Ef 1.21-22).O crente esta em Cristo e Cristo nada tem haver com o maligno (Jo 14.30).E,naturalmente,o diabo não toca os que são de Cristo (1Jo 5.18),pois o que esta no crente (o Espírito Santo) é maior que os espíritos malignos que habitam este mundo (1 Jo 4.4).

A vitoria de Cristo e suas implicações

As Escrituras afirmam a existência e a realidade das forcas espirituais do mau.A bíblia deixa claro que o diabo existe e que deseja nos destruir (Ef 6.11).Paulo nos diz aqui que os inimigos da igreja são espíritos perversos,numeroso,organizados e mais poderosos que o homem.

A bíblia também ensina algo mais,algo que não tem sido suficientemente compreendido e enfatizado pelo movimento de “batalha espiritual”.O autor referisse  ao ensino bíblico de que as forcas do mau já estão derrotadas.

Batalha espiritual com resistência

Devemos observar um ponto importante que esta implícito na representação que Paulo faz em Efésios 6 do cristão em sua armadura completa,como um guerreiro pronto para o combate.O soldado cristão esta em uma posição de defesa,de resistência.A figura que Paulo descreve é a de um soldado guardando vigilantemente  o terreno inimigo já conquistado.Nao é difícil perceber isso,pois nessa mensagem Paulo exorta varias vezes a igreja a ficar firme e a resistir (Ef 6.11,13-14).

A arma ofensiva da igreja contra os principados e potestades é igualmente a Palavra de Deus.E a exposição da Palavra,a proclamação do Evangelho,pois,onde o Evangelho é anunciado,onde a verdade é pregada,o inimigo bate em retirada.Depois de descrever a armadura de Deus,Paulo pede que orem por ele,para que lhe seja dada liberdade e ousadia para pregar a Palavra de Deus.

Armas espirituais

Ao usar a metáfora do combate para descrever o conflito da igreja contra as hostes  malignas, Paulo determina aos crentes que tomem toda a armadura de Deus para poder resistir (Ef 6.13-18).

Se o alvo principal de satanás é causar pobreza, doenças, problemas políticos, injustiças sociais, então, não precisamos das armas que Paulo descreve aqui .

Observando a “batalha espiritual” como proclamação, podemos lembrar o ministério de Paulo em Corinto. Se havia um lugar no mundo onde deveria existir um “trono” literalmente de satanás, essa era a cidade de Corinto. Corinto era provavelmente a cidade mais depravada, corrupta, idólatra e imoral da Ásia no século    da era cristã, a ponto de os gregos cunharem um termo pejorativo, o verbo corintinizar, que queria dizer “tornar alguém depravado”. Dizer a alguém “você é um coríntio!” equivalia a insultar a pessoa , afirmando que ela era depravada, mesmo assim o apostolo não “amarrou” os demônios nem derrubou os poderes ou “fortalezas”, mas simplesmente, anunciou a Cristo e este crucificado,aos moradores da cidade.

Ao escrever a respeito do ato de “repreender” no novo testamento o autor afirma que, até onde sabe, não há nenhum exemplo ou ordem para que os crentes que enfrentam dificuldade ou em posições difíceis desta vida, determinem a vitória e o sucesso, ou a libertação meramente pronunciando palavras de forma fervorosa. (pag. 97).

As repreensões de Jesus

Embora alguém pudesse argumentar que Cristo repreendeu doenças e demônios. De fato, nosso Salvador algumas vezes fez isso. Se fizermos um estudo no Novo Testamento da palavra “repreender” (epitimão), notaremos algo curioso. As duas únicas pessoas , em toda a Bíblia , que repreenderam demônios, doenças ou qualquer obra contrária ou maligna , foram Jesus Cristo e seu Pai celeste. Ninguém mais.

Em todo o livro de Atos dos Apóstolos, não encontramos qualquer deles usando o termo “repreender”, embora Pedro confrontasse Elimas, o mago, e Paulo ao falso profeta Barjesus, não disseram “eu te repreendo”.

O erro religioso

Talvez a arma mais de Satanás na sua guerra contra a Igreja seja o erro religioso,possivelmente não exista arma mais eficaz. As heresias têm sido usadas por Satanás contra a igreja de Cristo desde que ela nasceu, e sempre com resultados terríveis. Na realidade foi usando esse método que ele conseguiu seduzir e enganar o primeiro casal, introduzindo o pecado no mundo (Gn 3.4-5; 2Cor 11.3; 1Tm 2.14). essa é receita extremamente bem-sucedida para atrair e iludir os homens, feita pelo “sedutor de todo o mundo”.

Suas estratégias para impedir que o evangelho chegue até aos ouvidos dos homens, segue a um método que é: primeiro, ele oferece resistência  aos verdadeiros pregadores , segundo, o diabo cega o entendimento das pessoas , para que elas não compreendam o que lhes esta sendo dito acerca do plano redentor de deus; em terceiro, o diabo tenta anular o efeito da palavra de Deus nos corações humanos e, finalmente quando o diabo não consegue impedir que o Evangelho seja divulgado usa outra estratégias que é difundir o erro religioso para causar confusão.

Os instrumentos de Satanás

Quais os instrumentos que ele usa? Em 1 Timóteo 4.1-2, Paulo menciona dois agentes diretos do maligno: Ora , o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostarão da fé , por obedecerem a espíritos enganadores  e a ensinos de demônios, pela hipocrisia dos que falam mentiras , e que tem cauterizado a própria consciência. Esses demônios são capazes também de realizar sinais e prodígios para dar aparência de verdade aos desvios doutrinários que produzem. O diabo sabe que o homem facilmente se impressiona com o sobrenatural e,por meio de milagres e outras manifestações do gênero. Satanás é capaz de até mesmo produzir uma falsa sensação  de paz e alegria. O autor afirma não ter encontrado um membro de qualquer seita que não diga que goza de paz. Pelo contrario, todos afirmam que têm paz, alegria e senso de realização profunda.

As cartas de Paulo e dos demais apóstolos foram escritas, entre outras coisas, para combater o erro religioso no primeiro século e para prevenir as igrejas nascentes contra sua influência perniciosa; se os apóstolos não houvessem se preocupado em preservar a pureza doutrinária, é possível que a igreja já houvesse se deturpado a ponto de se tornar irreconhecível como igreja de Cristo.

Paulo e satanás

No capitulo nove o autor aborda duas ocasiões, em que o apóstolo Paulo se viu confrontado por Satanás  em sua vida e ministério, a primeira narrada em 2Corintios 1.7-10, e que Paulo revela que já por catorze anos carregava em sua carne um doloroso e humilhante espinho satânico, sem experimentar  a libertação daquele incômodo. A segunda, narrada em 1 tessalonicenses 2.17-18, quando Satanás barrou o seu caminho de retornar à igreja de Tessalônica. O que nos faz lembrar que nem sempre o apóstolo exerceu autoridade sobre Satanás para tira-lo do seu caminho, como fez no caso de Elimas e da moça de Filipos. Na verdade vemos Paulo quase impotente para remover um espinho satânico de sua carne e para transpor a trincheira que satanás abiu no caminho de sua vida, isto nos mostra que Paulo e os outros apóstolos eram totalmente dependentes de Deus e o que lhes acontecia estava debaixo dos critérios soberanos do Espírito Santo.

Paulo estava sempre revestido da armadura de Deus, mas isto não o livrara de passar por dor, desta forma o autor nos leva a pensar na forma que Deus trabalha nossa vida como servos, não nos livrando da dor mas sim com sua armadura nos fortalecendo para manter-nos firmes na fé, na santidade, sem nos deixar arrastar ao pecado.

O autor mostra que Paulo nos da base para tomarmos a armadura e ficarmos preparados para o dia mau, em que deveremos resistir vencer e permanecer inabaláveis . Também nos esclarece o autor que este ataque de Satanás é ainda mais veemente, arrebatador e impetuoso do que outras ocasiões; e , em certo sentido, todos os dias são maus, não havendo uns piores do que os outros.

Os objetos que trazem benção ou maldição.

 O autor não que terminar o livro sem tocar neste assunto que para ele e com certeza para todos os leitores será muito edificante. Trata-se acerca do ensino do movimento de “Batalha espiritual” que retrata o poder de objetos que tem poder de abençoar e amaldiçoar aqueles que o tocam ou possuem.

Sendo os objetos que abençoam aqueles que foram trazidos aos cultos e ungidos com objetivo de transmitir ao fiel algum tipo de benefício; e acabam sendo usados como talismãs, fetiches ou outros abjetos “carregados” de poder espiritual. O autor se refere também e compara estes objetos ungidos pelas igrejas de libertação acabam passando por um processo muito semelhante aos benzimentos de objetos no baixo espiritismo, nas artes mágicas e no ocultismo em geral, os mais comuns são as águas fluidificadas (colocada sobre o rádio ou tevê durante a oração do “homem de Deus”), a rosa ungida, ramos de arruda, sal grosso, óleo, água, vinho, pedrinhas trazidas a “terra santa” (Israel), fitinhas, pulseiras e lenços.

Muitas vezes estes objetos são usados na igreja no intuito de expulsar demônios. A ideia que esta pro traz desse uso religioso de artigos e objetos é a de que as entidades espirituais (anjos e demônios) podem ser atingidas por meio dos sentidos com cheiros, cores, gosto e vozes.

Entretanto, essas igrejas argumentam que a prática tem argumentos Bíblicos. Provavelmente o argumento mais usado seja a de Atos 19.112, em que é relatado o uso dos aventais e lenços de Paulo para expulsar demônios em Éfeso. É preciso salientar, entretanto, que este acontecimento é único do gênero que temos registrado no Novo testamento. Fez parte dos “milagres extraordinários” que o Senhor realizou em Éfeso pelas mãos de Paulo (At 19.11). O mesmo acontece com Pedro onde é relatado que até mesmo a sua sombra curava os infermos (Atos 5.15).

Quanto aos objetos de maldição o movimento “batalha espiritual” os classifica como sendo objetos que utilizados em qualquer forma de magia, ocultismo ou religião idólatra ficam impregnados de emanações malignas, como se demônios de fato residissem os mesmos. Para usar a linguagem de alguns do movimento, esses objetos estariam “demonizados”, sendo assim os objetos estariam carregados do poder da magia que afetaria aqueles que o tocarem ou guardarem em suas casas.

Ao encerrar o capitulo doze, o autor conclui que espera ter dado evidencias claras que não há como justificar hoje a prática no culto cristão de ungir e abençoar objetos, quaisquer que forem os propósitos. Também não há como provar biblicamente que objetos usados e consagrados aos demônios nos cultos idolatras e ocultista tem algum poder especial de “amaldiçoar” os que os tocam, ingerem, usam ou acabam por possuí-los fora o contesto de adoração e devoção a essas entidades.

Conclusão:

Ao ler esta obra me senti um privilegiado, pois os conhecimentos nela me fazem refletir exaustivamente a respeito da forma em que as Igrejas atuais têm conduzidos seus membros muitas vezes a temer mais ao diabo que o próprio Deus. A função de cada um de nós,(deixo claro que é meu pensamento), é de levar a verdade Bíblica e o verdadeiro pensamento, e a prática cristã para dentro de nossas igrejas, a fim de, que cada membro tenha consciência verdadeira do mundo espiritual sem se deixar levar por qualquer vento de doutrinas.
Laerte Martins
4º Bacharel em Teologia

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